MMM - O Microssatélite Militar da AEL Sistemas

Olá leitor!

Trago agora para você uma reportagem sobre o Microsatélite Militar MMM publicada na edição de setembro da Revista Tecnologia & Defesa (T&D) e postada dia 17/12 no blog Panorama Espacial do companheiro Andre Mileski.

Duda Falcão

MMM - O Microssatélite Militar da AEL Sistemas

André M. Mileski
Revista Tecnologia & Defesa
Setembro 2013

No início de julho, a reportagem de Tecnologia & Defesa esteve em Porto Alegre (RS), na sede da AEL Sistemas e se encontrou com Marcos Arend, diretor de Tecnologia, para conhecer um pouco mais sobre a proposta de desenvolvimento do Microssatélite Militar Multimissão (MMM), apresentada pela companhia em conjunto com outras empresas e universidades daquele Estado, no âmbito do Programa Inova Aerodefesa (ver reportagem nesta edição). Esta é também uma das primeiras iniciativas do Polo Tecnológico de Sistemas Espaciais do Rio Grande do Sul (ver T&D n.º 133), criado no final de abril, e que conta com importante apoio do governo estadual.

A proposta foi elaborada tendo em vista a chamada do Inova Aerodefesa para plataformas de pequeno porte, levando-se ainda em consideração o crescimento do uso de pequenos satélites para aplicações no setor de defesa, e a possibilidade do desenvolvimento de uma solução que não seja classificada como COTS (commercial off-the-shelf) para atender o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), do Ministério da Defesa, e a integração de capacitações espaciais disponíveis no Rio Grande do Sul, tanto de empresas como universidades. Além dos recursos do Inova Aerodefesa, o projeto deve demandar ainda investimentos adicionais das próprias empresas e de linhas de fomento do governo estadual. A proposta foi uma das 69 pré-selecionadas em julho e está no momento em análise.

Caso aprovado, o primeiro passo do MMM envolveria o desenvolvimento de uma pequena plataforma para colocação em órbita em 2015, muito provavelmente no primeiro voo do lançador Cyclone 4, decolando do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Esta primeira missão, denominada MMM-1, teria cerca de 20 kg de massa e contaria com desenvolvimentos da AEL Sistemas em matéria de sistemas de suprimento de energia - hoje uma de suas especialidades no campo espacial, plataforma e sistemas de controle. À Digicon, com sede em Gravataí (RS), caberia o fornecimento da parte estrutural e integração dos painéis solares, além de todo o mecanismo de abertura (deployment) das antenas, representando o seu retorno ao setor espacial, uma vez que nas décadas de 1980/90 participou dos projetos dos SCD (Satélite de Coleta de Dados) e da primeira geração do CBERS (China-Brasil Earth Resources Satellite). A companhia ucraniana Yuzhnoye, com planos de em breve se instalar no Brasil, contribuiria com consultoria e suporte educacional. Note-se que, muito embora a AEL Sistemas seja controlada pelo grupo israelense Elbit Systems, sua capacitação em tecnologia espacial é local, independente da controladora.

Quatro universidades também integram o projeto, algumas aportando tecnologias inéditas no Programa Espacial Brasileiro: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que deve contribuir com sua capacitação em análise de radiação para componentes eletrônicos; a Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), que tem grande conhecimento na área de radiofrequência, comunicações e transpônderes digitais; a Universidade Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), participando com suas habilidades em microeletrônica, em particular, conhecimentos da tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems), que seriam aplicados no desenvolvimento de um propulsor elétrico; e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que deve oferecer sua estrutura para a operação no solo. A UNISINOS, aliás, tem colaborado com institutos da Coréia do Sul e da Suíça em pesquisas e projetos da tecnologia MEMS. Espera-se que mais de 50 profissionais sejam envolvidos no desenvolvimento do MMM, incluindo doutores e engenheiros.

Devem participar ainda a Fundação de Ciência e Tecnologia do RS (CIENTEC), por meio da realização de ensaios e testes elétricos e ambientais do satélite, e a empresa pública Ceitec, fornecendo itens de microeletrônica (semicondutores).

O MMM-1 disporia de uma plataforma básica, com controle de atitude passivo, sem controle de órbita, destinada a operar a uma altitude de 700 km. Ainda não há definição sobre qual seria a sua carga útil, e a decisão ficaria sob a responsabilidade do Ministério da Defesa. Mas, dentre as alternativas possíveis, estaria um dispositivo SIGINT (inteligência de sinais), o que permitiria, inclusive, a criação de uma doutrina no emprego dessa capacidade pelas Forças Armadas brasileiras.

Passo seguinte seria dado com um segundo modelo, o MMM-2, com massa total próxima de 30 kg, não classificado como COTS. Este já contaria com controle de atitude, sendo que o próximo, o MMM-3 com propulsão elétrica baseada na tecnologia MEMS, o qual, na visão da AEL Sistemas, já seria um produto capaz de disputar o mercado internacional, podendo render divisas ao País.

A AEL Sistemas no Setor Espacial

A AEL Sistemas, sinônimo no País em aviônicos e veículos aéreos não tripulados, possui mais de 20 anos de experiência em tecnologia espacial, tendo desenvolvido e produzido diversos equipamentos eletrônicos para satélites brasileiros, em particular, sistemas de suprimento de energia. É o caso, por exemplo, dos satélites do programa CBERS, de observação terrestre. Assim como seus predecessores, o CBERS 3, que deve ser lançado ao espaço até o final deste ano, tem tecnologia criada e fabricada pela indústria gaúcha.

A empresa também participa do Projeto SIA - Sistemas Inerciais para Aplicação Aeroespacial, iniciativa liderada pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), de São José dos Campos (SP), através do desenvolvimento, produção e testes do computador de bordo (OBC). O OBC possibilita a capacidade de processamento e interfaces para executar as atividades de supervisão de bordo e controle de atitude e órbita de lançadores e satélites.

A AEL Sistemas conta com uma sala limpa de classe 100.000, além de câmaras climáticas e um shaker para ensaios ambientais e mecânicos. Sua equipe é treinada e certificada de acordo com as normas da Agência Espacial Europeia, para a montagem de componentes SMD (surface mount technology / tecnologia de montagem em superfície).


Fonte: Revista Tecnologia & Defesa n.º 134 (setembro de 2013) via Blog Panorama Espacial.

Comentário: Pois é, esse é o Brasil, além de investir nossos recursos para beneficiar o projeto de uma empresa estrangeira, não satisfeitos, investem num projeto furado, toxico e que por tabela ainda boicota nossos projetos de veículos lançadores e suas possíveis cargas úteis. No MD temos um banana, no COMAER um aparentemente deslumbrado comandante e na presidência uma verdadeira mãe inconsequente.  É leitor estamos mesmo bem na fita e a Copa vem por ai, Deus nos ajude.

Comentários

  1. Para mim se o Mileski disse está falado. Muito interessante este artigo e esta proposta da AEL Sistemas. Parabéns a empresa, única a vir com uma proposta realmente plausível de uma tarefa na área espacial de defesa, e feita no Brasil. Acompanho os textos do Mileski e se ele disse essas coisas é por que são verdadeiras, afinal ele é uma autoridade respeitada e conhece melhor do que ninguém a área espacial no Brasil.

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    1. Olá Anônimo!

      É sua opinião e respeitamos, apesar de não concordarmos com ela e também com a sua anonimidade. Entretanto, o Mileski não disse nada, apenas relatou o que foi dito pelas partes participantes desse projeto na reportagem realizada por ele. Além do mais, se não sabes, o Mileski também em contra o acordo da ACS. Já com relação a participação da AEL Sistemas nesse projeto, ele ainda (que eu saiba) não manisfestou publicamente a sua opinião, mas mesmo que seja favorável, seria apenas uma divergência de opinião, nada mais do que isso.

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. Pelo que voce viu no texto ele foi na AEL ver com seus olhos. Isso eh jornalismo de verdade. Pelo que vi a parceria da AEL com a ACS eh como cliente, nada mais que isso. Se a ACS nao decolar se manda o satelite atraves de outro foguete. Nada de mais.

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    1. Olá Anônimo!

      Não entendi, e daí? Em momento algum colocamos em dúvida a capacidade da AEL Sistemas de conduzir o desenvolvimento desse projeto. A questão aqui não é esta. O que não concordarmos é a inclusão nesse projeto de uma empresa estrangeira quando não se tem a necessidade disso, especialmente quando o mesmo é financiado pelo povo brasileiro e até porque já há competência mesmo do RS para se conduzir um projeto como este. Se a AEL Sistemas quer produzir um Microsatélite Militar para vendê-lo as forças armadas brasileiras e a quem mais interessar, que o faça com seus próprios recursos, não com os nossos. Quanto a ACS, só a citei pois a mesma fazia parte do meu cometário inicial.

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. Ainda acredito que a AEL é mais brasileira do qur israelense.

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    1. Olá Digotorpedo!

      Se você considera a Ford, a Chevrolet, a Fiat, entre outras empresas como empresas brasileiras, estão a AEL Sistemas também é. Como eu não vejo assim, pois o controle acionário e diretório está sob controle da empresa israelense "Elbit Systems Ltd' discordo de você e não posso concordar que recursos do povo brasileiro sejam investidos em projetos dessa empresa, há não ser que não haja competência no país (o que não é o caso neste projeto), e mesmo assim com transferência de tecnologia para uma outra empresa genuinamente brasileira. Esse que deve ser o caminho, se não continuaremos com Fords e Crevrolet da vida. Domínio tecnológico Digotorpedo é de fundamental importância para qualquer nação independente.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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