ITA Coordena Projeto de Criação de Satélite Universitário

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (19/04) site da Força Aérea Brasileira (FAB) destacando que o Instituto Tecnológico da Aeronáutica coordena o projeto de desenvolvimento do satélite universitário ITASAT-1.

Duda Falcão

ITA Coordena Projeto de Criação de
Satélite Universitário

Agência Força Aérea/ITA
19/04/2011 - 11h44

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) coordena o projeto de construção do microssatélite universitário brasileiro, o ITASAT-1, ao lado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Espacial Brasileira (AEB).

A instituição também coordena o trabalho das universidades envolvidas no projeto e que são responsáveis por quatro experimentos a serem testados em órbita. Um deste experimentos vai servir para a coleta de dados ambientais de plataformas instaladas em todo território nacional. A fase de definições preliminares encerrou no mês passado, com a realização da Revisão do Projeto Preliminar (PDR – Preliminary Design Review) que é uma das revisões previstas a metodologia de projetos espaciais da ESA (European Space Agency).

O satélite tem como um dos principais objetivos a formação de universitários na área espacial e, em conseqüência, incentivar a produção de atividades de iniciação científica, trabalhos de graduação, mestrado e doutorado relacionados aos temas do projeto. A conclusão do ITASAT-1 está prevista para o início de 2013.

Segundo o professor David Fernandes, coordenador do projeto no ITA, o projeto faz parte da Ação 4934 da Agência Espacial Brasileira (AEB) do Plano Plurianual de “Desenvolvimento e Lançamento de Satélites Tecnológicos de Pequeno Porte da AEB”.

O Projeto ITASAT teve início em 2005, com a participação do ITA e do INPE, quando as duas instituições estudaram a viabilidade e as formas de interação entre as universidades, os institutos de pesquisa, a indústria e o Governo, bem como estudaram “os aspectos tecnológicos envolvidos na realização de uma missão no programa, envolvendo o satélite e seus subsistemas constituintes, sua integração e testes, o lançamento, o segmento-solo, a operação, a gestão e a documentação do projeto”.

A Ação 4934 da AEB consiste na realização de uma série de missões destinadas a realizar experimentos, desenvolver e testar inovações de tecnologia de satélites e cargas úteis, e capacitar a indústria espacial brasileira neste segmento. Assim foi criado no final de 2005 o Projeto “Missão” ITASAT que constitui o primeiro projeto-missão desse programa, explica o professor.

O projeto é constituído de diversas fases. No final de cada fase acontecem as revisões com especialistas de diversas áreas (estruturas, controle térmico, suprimento de energia, controle de atitude, telemetria e telecomando, computador de bordo etc). Nas quatro revisões já realizadas o projeto contou com revisores do INPE, do DCTA-IAE, da TU Berlin e da RUAG Aerospace (Suíça).

Em 2010, terminaram as fases 0 (concepção) e A (estudo da viabilidade) e em março de 2011 foi concluída a fase B (definições preliminares) iniciando assim a fase C (definições detalhadas) que será concluída no início de 2012 com o modelo de engenharia do satélite. Após a fase C, vem a construção e o teste do ITASAT-1 que será lançado em 2013.

Sobre o ITASAT-1

O ITASAT-1 é um microssatélite (na classificação dos satélites, com peso acima de 10kg até 100 kg) universitário de pequeno porte para uma órbita baixa (600km). Ele tem uma plataforma composta de estrutura, controle térmico, suprimento de energia, computador de bordo, controle de atitude, Telemetria e Telecomando e da carga útil, composta de quatro experimentos para serem testados no espaço.

Participam do projeto a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Brasília (UnB), a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá da UNESP e alunos da Universidade Técnica de Berlim (TU Berlin) - estes últimos através do Programa UNIBRAL da CAPES/DAAD.

“O projeto irá capacitar os estudantes envolvidos no projeto, que poderão utilizar os conhecimentos adquiridos em vários setores da sociedade brasileira, poderá potencializar outros desenvolvimentos correlatos no setor espacial, qualificar no espaço os componentes e os equipamentos que serão utilizados no satélite; vai testar concepções e arquiteturas de projetos utilizados no desenvolvimento dos subsistemas que compõem o satélite. O ITASAT-1 poderá ser utilizado ainda como um satélite de coleta de dados auxiliar aos satélites de coleta de dados do INPE e vai permitir que experimentos (as cargas úteis) sejam testadas por estudantes, professores e pesquisadores que as desenvolveram”, conta o professor David Fernandes.

Saiba mais:

Carga útil do ITASAT-1:

a) Um transponder digital de coleta de dados (DCS – Data Collection System), desenvolvimento sob responsabilidade do INPE-CRN e pela UFRN,

b) Um experimento para determinação de atitude baseado em girometros MEMS (Micro-Electro-Mechanical-Systems), desenvolvimento sob responsabilidade da UEL (Universidade Estadual de Londrina),

c) um experimento térmico composto por um radiômetro e termopares que irão monitorar o comportamento térmico do satélite, validando assim modelos teóricos do projeto térmico realizado pelo ITA e um Tubo de Calor (Heat Pipe) experimental denominado TUCA (TUbo de Calor), desenvolvimento sob responsabilidade do INPE, e

d) Um experimento de comunicações ISL/FoX (Inter Satellite Link/FoX) entre ITASAT-1 e um satélite universitário da TU Berlin, que deverá ser lançado juntamente com o satélite ITASAT-1.

Fases do Projeto ITASAT:

Fase 0: análise da missão
Fase A: estudo da viabilidade
Fase B: definições preliminares
Fase C: definições detalhadas
Fase D: construção e teste
Fase E: utilização do satélite em órbita
Fase F: remoção do satélite


Fonte: Sita da Força Aérea Brasileira (FAB)

Comentário: A cada dia que passa leitor me convenço de que se fosse da área espacial, jamais trabalharia no Programa Espacial Brasileiro. A não ser se não houvesse outra opção. Sou uma pessoa que busca resultados, trabalho em cima de um cronograma objetivo, onde o prazo definido é um dos principais objetivos traçados e a ser rigorosamente cumprido. Jamais me submeteria a um projeto de uma instituição publica ou privada que não respeitasse esse objetivo, como é o caso desse projeto do ITASAT que tem seu prazo de entrega sendo transferido ano a ano por conta da falta de comprometimento do governo com as instituições envolvidas no projeto. Infelizmente uma máxima no Programa Espacial Brasileiro. Vamos falar a sério, o ITASAT-1 é um satélite universitário de concepção simples que em 2013 (caso seja lançado mesmo nesse prazo) completará oito anos de desenvolvimento (a média mundial de desenvolvimento de um satélite comercial de grande porte varia de 5 a 7 anos). Vale lembrar leitor que este satélite se utiliza em sua construção componentes COTS (Commertial off-the-shelf) e que não tem de passar por restrições de compra, como a que ocorreu com o satélite CBERS-3. Vale também salientar que o ITASAT-1 carregará um subsistema de coleta de dados ambientais o que em nossa opinião aumenta sua importância para o “Sistema Brasileiro de Coletas de Dados Ambientais” devido ao atraso dos satélites do programa CBERS e o avançado estágio de envelhecimento dos satélites SCD-1 e SCD-2, satélites que podem deixar de funcionar a qualquer momento. Não é por um acaso que perdemos em poucos anos a liderança na área de tecnologia de satélites para a Argentina na América Latina. Lamentável.

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