Plano de Gestão de 2008 da AEB - Principais Resultados


Olá Leitores!

Segue abaixo uma lista com os principais resultados do Programa Espacial Brasileiro no ano passado segundo o que foi divulgado a pouco pelo Plano de Gestão de 2008 da Agência Espacial Brasileira - AEB.

Duda Falcão


Principais Resultados do PNAE


O Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) cumpriu, em 2008, importantes etapas para a consecução da política espacial brasileira, destacando-se, no campo das aplicações espaciais e satélites, o avanço da promoção dos produtos CBERS, com mais de 500 mil imagens distribuídas e a implantação de uma rede internacional de distribuição de imagens.


Programa CBERS


Em 2008, foi testada com sucesso a recepção de imagens do CBERS-2B na África do Sul e Egito e foram instalados sistemas de processamento CBERS na Estação de Maspalomas, Ilhas Canárias. Também, está em fase de implantação uma antena de recepção em Boa Vista, RR, que permitirá a cobertura da região do Caribe. Esses resultados confirmam o reconhecimento internacional da qualidade e confiabilidade dos produtos CBERS.

Embargos sofridos pelo Brasil quanto ao acesso a partes e componentes eletrônicos de qualidade espacial podem acarretar atraso no cumprimento da meta de lançamento do satélite CBERS-3 em 2010, e possivelmente do CBERS-4, previsto para 2013. Etapas importantes concluídas em 2008 foram a integração do modelo de engenharia do CBERS-3, ocorrida na China, com participação de equipes brasileira e chinesa e a conclusão do teste estático no Modelo Estrutural (SM) do CBERS 3 e 4, que são passos importantes para dar início à fabricação dos equipamentos de vôo dos satélites.

Comentário: Esse é o programa de maior sucesso na área de satélites (talvez o mais bem sucedido em todo programa espacial) do PEB e de grande reconhecimento pela comunidade científica brasileira e internacional. Os embargos tecnológicos sofridos certamente acarretarão no atraso do lançamento do CBERS 3 e 4, mas não impedirão o desenvolvimento dos satélites. As ações realizadas no ano de 2008 demonstram que apesar da falta dos componentes eletrônicos necessários os modelos dos satélites estão sendo testados e certamente a AEB e os chineses encontraram uma forma de resolver esse problema.


Plataforma PMM e Satélite Amazônia 1


O cumprimento da meta de lançamento do satélite Amazonia-1 até 2010 depende da conclusão da PMM e da câmera óptica de imageamento terrestre para compor a carga útil do satélite. Para concluir a Plataforma Multimissão (PMM), resta, ainda, completar o desenvolvimento de quatro subsistemas contratados junto à indústria aeroespacial brasileira (estrutura, gestão de energia, comunicações e propulsão) e desenvolver o sistema de controle de órbita e atitude. Apesar do atraso considerável na entrega dos subsistemas de gestão de energia e de comunicações da PMM, esforços têm sido envidados junto às empresas contratadas, com vistas a recuperar esse atraso, de modo a não comprometer o cumprimento da meta estabelecida.

Outro fator crítico para o atingimento da meta é o desenvolvimento do subsistema de controle de atitude e gestão de bordo cuja licitação foi suspensa por decisão judicial, resultante de recurso impetrado por uma das empresas desclassificadas no certame, e posteriormente cancelada pelo INPE.

Para superar essa restrição, um acordo governamental foi firmado com a Argentina, que, por meio da empresa pública INVAP, que atua na área espacial, proverá a tecnologia para o desenvolvimento nacional desse subsistema.

Um resultado importante foi o lançamento da licitação para desenvolvimento da câmera imageadora para o satélite Amazônia-1, que aumentará a capacidade de observação do território nacional, além de fortalecer e firmar a competência nacional na área de óptica espacial.

Comentário: Parece brincadeira, mas a AEB além de já ter uma administração complicada, ainda tem de passar por empecilhos como essa decisão judicial, certamente gerada pela falta de visão da agência e do conhecimento jurídico necessário para formular uma licitação sem deixar brechas, evitando assim qualquer reclamação posterior. Quanto ao lançamento do Amazônia-1, não ocorrerá em 2010 mesmo que todos os empecilhos para o seu desenvolvimento sejam resolvidos a tempo. Isto porquê o Cyclone 4 só estará a disposição (como indica o diretor-geral da ACS Roberto Amaral em sua última entrevista para a revista ISTOÉ Dinheiro - veja a entrevista na íntegra aqui no blog) somente a partir de 2011 e unicamente para seu vôo teste. Os vôos comerciais desse foguete só iniciarão a partir de 2012. A outra opção seria usar um foguete chinês (num lançamento conjunto com o CBERS 3 ou mesmo num vôo contratado), ou um foguete indiano (já que existe um acordo assinado nesse sentido com a galera do Taj Maral) ou até mesmo um vôo com um foguete russo devido as boas relações com os mesmos. No entanto, sinceramente não acredito que isso ocorra, devido ao custo de uma contratação dessa e como terá de ser feita mesmo é bem provável que eles esperem o Cyclone 4 estar disponível.


Foguete VLS-1


Em busca do domínio do acesso ao espaço destacam-se a realização bem sucedida do teste do motor do primeiro estágio do Veículo Lançador de Satélites, VLS-1, em cumprimento de etapa importante do programa de aumento de confiabilidade do foguete. Para o desenvolvimento e fabricação desse veículo, já foi dado início a um processo licitatório de Pré-Qualificação de empresas para a industrialização do VLS-1, que se encontra em andamento. A AEB constituiu uma Comissão, composta por pessoal do CTA/IAE que está finalizando os procedimentos técnicos e administrativos necessários para viabilizar a respectiva licitação. A realização do primeiro vôo de teste tecnológico do VLS-1 em 2010 está, ainda, sendo perseguido. Entretanto, os problemas relativos à finalização do contrato de consultoria com empresa da Federação Russa, que está pendente, devido à não promulgação ainda, pelo lado brasileiro, do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com a Rússia, poderá prejudicar o atingimento da meta na data almejada.

Comentário: Quando tudo parecia caminhar para finalmente ser realizado o primeiro vôo teste do novo VLS-1 em dezembro de 2010, aparece alguém para jogar uma bomba atômica nas pretensões de todos que aguardam com ansiedade a finalização desse projeto e a conseqüente auto-suficiência no lançamento de satélites de 100 a 350 kg em órbita equatorial de até 1000 km. É inadmissível o que acontece com o Programa Espacial Brasileiro seja na área político administrativa, seja na falta de visão ou e de foco. Agora nem o dever de casa junto aos fóruns responsáveis pela regularização dos acordos espaciais são feitos com o acompanhamento necessário. A idéia da industrialização do VLS é necessária e louvável, no entanto, devido a tanta trapalhada já estou com receio do documento que será gerado para o processo licitatório de Pré-Qualificação das empresas para a industrialização do VLS-1.


Torre Móvel de Integração - TMI


Os trabalhos relativos à construção da Torre Móvel de Integração - TMI deverão ser iniciados em 2009. Após longas discussões e negociações entre o CTA/IAE e o Consórcio PMM, vencedor da licitação, ambos chegaram a um acordo sobre o reequilíbrio econômico financeiro do contrato firmado, que somente foram concluídas no inicio do mês de dezembro, data em que foi assinada a ordem de serviço para dar início às obras. Estima-se concluir a construção no inicio do segundo semestre de 2010.

Comentário: O caso da TMI, já esta solucionado e a construção da torre já foi iniciada pelo consorcio vencedor, sendo que pelo que foi anunciado durante a realização da Operação Maracati I em Alcântara mês passado, as obras civis no local já foram realizadas. Se tudo ocorrer dentro do previsto a TMI estará à disposição para o primeiro vôo teste do novo VLS-1 em dezembro de 2010. Só espero que até lá não apareça (sabe-se lá de onde) um alien que venha atrapalhar a construção da mesma.


Foguete VSB-30


No tocante aos foguetes de sondagem, destacam-se os 3 lançamentos realizados no Centro Espacial de Esrange, na Suécia, como parte do Programa Europeu de Microgravidade, utilizando-se o propulsor brasileiro VSB-30. O sucesso desses lançamentos confirma a qualidade e confiabilidade desse propulsor.

Comentário: Esse foguete é um grande sucesso como já foi atestado pelos alemães nos vôos realizados pelo mesmo em território europeu. Não entendo o porquê ainda o VSB-30 não foi industrializado, pois facilitaria o uso do foguete na Europa e principalmente no Brasil, possibilitando a comunidade cientifica brasileira acesso ao espaço com mais freqüência.


Alcântara Cyclone Space - ACS


Outro fato importante, em 2008 foi a decisão quanto à localização do sítio de lançamento do foguete ucraniano Cyclone-4 em área do CLA, que permitirá a continuidade e maiores avanços no cumprimento do Tratado firmado entre o Brasil e a Ucrânia, apesar do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do território de quilombola em Alcântara-MA publicado pelo INCRA em 4 de novembro de 2008.

Aquela decisão possibilitou a continuidade e avanços de outras importantes ações, destacando a definição dos requisitos técnicos de infra-estrutura física e de serviços necessários para os lançamentos do Cyclone-4 e a demarcação, já concluída, da área do sítio de lançamento desse foguete. Para evitar maiores atrasos no cumprimento do Tratado firmado com a Ucrânia, a implantação do Centro Espacial de Alcântara (CEA) sofreu uma simplificação, passando a focalizar, no momento, apenas no primeiro sítio comercial de lançamento, que será cedido, sob regime oneroso, para a Alcântara Cyclone Space (ACS) para o lançamento do Cyclone-4. O projeto original do CEA passará por uma revisão, mediante estudos contratados com o Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Comentário: Sempre fui um defensor desse programa pelo fato de que o mesmo atuaria numa faixa de mercado onde os foguetes brasileiros planejados não fariam parte. Ou seja, o Cyclone 4 seria um complemento ao programa de foguetes do Brasil e a ACS uma fonte de divisas que seriam integralmente investidas no próprio programa espacial. No entanto, devido a ultima entrevista do diretor-geral da parte brasileira da ACS o senhor Roberto Amaral (veja a entrevista na íntegra aqui no blog), confesso que fiquei bastante receoso com o que o mesmo deixa transparecer durante a sua entrevista. O senhor Roberto Amaral parece defender a idéia que o governo deveria encerrar o projeto do VLS-1 e dos foguetes lançadores brasileiros e utilizar todos os recursos disponíveis na ACS, possibilitando assim que a empresa desenvolva não só o Cyclone 4 e o já comentado por ele Cyclone 5, como também os lançadores que o Brasil necessita para colocar os seus satélites planejados em órbita. Espero está errado, pois se isso acontecer à comunidade científica brasileira estará refém de uma empresa estatal, mais que tem como objetivo o comercio de acesso ao espaço. O relatório também se refere ao CEA (Centro Espacial de Alcântara) pela primeira vez depois do caso com os quilombolas. O projeto do CEA que parecia esta abandonado, passará por uma revisão, mediante estudos contratados a FGV o que é uma boa notícia para todo o programa espacial.


Recursos Humanos


Visando restaurar as competências necessárias ao PNAE por meio de ações de estímulo e valorização de profissionais, fortalecimento de equipes, treinamento e capacitação de especialistas e formação de massa crítica em áreas estratégicas, a AEB buscou entendimentos com o CNPq, com vistas a estabelecer plano de ação conjunto, valendo-se dos mecanismos e instrumento de bolsas daquela agência de fomento. Esse entendimento permitiu ao CNPq, mediante recursos repassados pela AEB, a aprovar dois projetos, um do INPE e outro do IAE, concedendo um total de aproximadamente 35 bolsas de desenvolvimento tecnológico industrial, como forma de fortalecer e capacitar as equipes daquelas instituições.

Comentário: O investimento constante no aprimoramento dos profissionais envolvidos com o programa espacial é extremamente importante e necessário para que os órgãos que comandam o desenvolvimento do mesmo, adquiram a competência necessária para realização de um programa que envolve o emprego de tecnologia de ponta como o Programa Espacial Brasileiro. Parabéns a AEB pela sua iniciativa.


Fonte: Site da Agencia Espacial Brasileira - AEB

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